Por que Brasil é com 's', não com 'z'? Mudança ocorreu há menos de 1 século

Você sabia que o nome do nosso país já foi escrito com "z", como as línguas inglesas utilizam até hoje? A alteração para a letra "s" aconteceu há 94 anos, após decreto do então presidente Getúlio Vargas.
O que aconteceu
Ao longo dos séculos, a grafia da palavra Brasil variou. O nome com a letra "z" era mais usado, inclusive em registros oficiais. A "Constituição Política do Imperio do Brazil", outorgada por Dom Pedro I em 1824, indica a grafia utilizada à época. A letra "z" era usada, também, nas palavras derivadas, como "brazileiros".
Alteração oficial aconteceu por meio de decreto assinado por Getúlio Vargas, em 1931. Na ocasião, a Academia das Ciências de Lisboa, representada pelo então embaixador Duarte Leite, e a ABL (Academia Brasileira de Letras), por meio do então presidente Fernando Magalhães, firmaram um extenso acordo ortográfico. "As duas Academias obrigam-se a empregar esforços junto aos respectivos Governos, a fim de, em harmonia com os termos do presente acordo, ser decretada nos dois países a ortografia nacional", diz o Decreto 20.108/31, assinado por Vargas no dia 15 de junho de 1931.
Entre os termos oficiais do acordo, está a alteração referente ao nome do país. "Fixar a grafia usualmente dubitativa das seguintes palavras, seus derivados e afins: a) Brasil e não Brazil", indica o documento. Inicialmente, a ABL se posicionou contra o acordo. No entanto, o próprio Código Civil de 1916 já utilizava a grafia com a letra "s" para o país, que ainda se chamava Estados Unidos do Brasil.
Além de "Brasil", outras palavras também foram adaptadas a partir do decreto de 1931. A grafia de edade, egreja, egual, por exemplo, foram oficialmente definidas como idade, igreja e igual, respectivamente. Os digramas (grupos de duas letras que representam um único som ou fonema) "ph", "rh", "th" foram substituídos, respectivamente, pelas letras "f", "r" e "t". "Philosophia" passou a ser escrito "filosofia"; "rhetorica" perdeu o "h" e passou a ser "retórica", por exemplo.
Divergências entre Brasil e Portugal exigiram novos acordos
Mesmo após o decreto entrar em vigor, os vocabulários dos países seguiam com diferenças. "Todavia, este acordo [de 1931] não produziu, afinal, a tão desejada unificação dos dois sistemas ortográficos, fato que levou mais tarde à convenção ortográfica de 1943", diz o documento "Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa", disponibilizado no portal do Senado. Dois anos depois, um novo encontro em Lisboa conduziu à chamada Convenção Ortográfica Luso-Brasileira de 1945.
Debates continuaram até os anos 1980. Em 1971, no Brasil, e em 1973, em Portugal, foram promulgadas leis que reduziram consideravelmente as divergências ortográficas que ainda persistiam entre os dois países. Em 1986, os sistemas ortográficos da língua portuguesa voltaram a ser debatidos. "O Acordo de 1986 conseguia a unificação ortográfica em cerca de 99,5% do vocabulário geral da língua", diz o "Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa".
Novos ajustes foram feitos, em conjunto, nos anos seguintes. Atualmente, o acordo é seguido pelos países que têm o português como língua nativa. São eles: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste.
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